Sabe aqueles filmes em que você não consegue assistir tudo de uma vez? Se estou inventando outra coisa pra fazer é porque eu não gostei do filme. Foi assim com Gomorra. Primeiro, no Festival de Cinema de São Paulo larguei o filme na metade e depois em DVD comecei pelo menos três vezes antes de vê-lo em definitivo. Detalhe: em definitivo, lê-se em duas vezes. Um dia assisti do começo até a metade e no outro da metade até o final. O sono sempre falou mais alto.
Enquanto filme-denúncia Gomorra é excelente! Mostra sem nenhum pudor como essa máfia italiana é violenta e financiadora do tráfico de drogas de boa parte do mundo. Mérito para o jornalista italiano Roberto Saviano que escreveu o best-seller homônimo que sacudiu a opinião pública de seu país. O filme, portanto, era uma adaptação muito aguardada.
O uso de diferentes núcleos de personagens é um pouco confuso e a história não evolui porque dá a impressão que o objetivo do filme é descrever o cenário, o modo de vida, a corrupção em si e com isso se vão 2 horas e 15 minutos sem que a história se desenvolva. O filme acabou e fiquei querendo mais.
Então é assim: como forma de conhecer a cultura da máfia e como ela se adaptou ao século XXI, Gomorra é jóia, mas aconselho que leia a obra de Saviano antes. Se a pedida é ver um bom filme sem nenhuma pretensão, sugiro pegar um outro título. No fim, achei acertada a decisão da Academia nem colocar Gomorra entre os cindo indicados na categoria melhor filme estrangeiro.